A colaboração cada vez mais próxima entre arquitetos e engenheiros causou uma explosão de projetos de pontes nas últimas décadas, resultando em estruturas que são ousadas e, ao mesmo tempo, racionais. Como resultado, as cidades têm explorado as pontes como grandes monumentos de design, para fomentar o orgulho de seus habitantes e promover-se como um destino turístico. Essas ideias inspiraram o fotógrafo Greig Cranna, que viaja pelo mundo registrando a elegância das pontes de hoje.
Cranna tem postado algumas de suas deslumbrantes fotografias no Instagram, coletando-as nos últimos 20 meses para lançar um livro, Sky Architecture - The Transformative Magic of Today's Bridges. Ao registrar essas estruturas fascinantes, as fotos mostram o impacto das pontes como uma adição à paisagem e se deleitam com suas silhuetas e projetos contemporâneos.
As pontes surgiram como simplesmente um cruzamento seguro para pedestres e, mais tarde, para cavalos e carruagens. Tendo que suportar cargas relativamente leves, o foco dos projetos ficava na estética geral. Veja a ornamentação da Ponte Rialto do século XVI em Veneza, por exemplo; seu projeto obedece a escala humana e resulta numa experiência de grandeza, criando um ícone arquitetônico.
Na virada do século XIX, a industrialização e a invenção da ferrovia exigiram pontes que vencessem vãos muito maiores e que poderiam lidar com cargas mais pesadas. A necessidade de conexões entre as cidades fez com que a ênfase dos projetos fosse direcionada para suas qualidades estruturais e a estética foi praticamente esquecida. Neste momento, as pontes eram construídas principalmente de aço para maior suporte estrutural e pareciam apenas funcionais. A Forth Bridge, na Escócia, demonstra esse triunfo da engenharia, com suas múltiplas seções em balanço cobrindo uma extensão de mais de meio quilômetro.
Hoje, os projeto de pontes apresentam um envolvimento muito maior de arquitetos. Agora, mais do que nunca, o avanço da tecnologia permitiu explorações nas formas e ofereceu oportunidades para experimentar mais com a estrutura. O poder das pontes para influenciar as percepções das pessoas sobre um lugar não passou despercebido pelas cidades, que estão "se promovendo com estruturas marcantes próprias", explica Cranna.
A dependência da sociedade no transporte nos ofereceu marcos famosos no passado, como a Brooklyn Bridge, a Golden Gate Bridge e a Sydney Harbour Bridge, que são instantaneamente associadas à localização a que pertencem. Atualmente, o design arrojado é um requisito para que as pontes contemporâneas se destaquem da mesma maneira para se tornar uma estrutura reconhecível.
Essas formas distintas aparecem nas fotografias de Cranna; no entanto, são as pontes para pedestres que ele considera mais interessantes. Remetendo ao seu surgimento, elas são muito mais pessoais e de escala humana, criando uma experiência individual à medida que uma pessoa se desloca de um ponto A para um ponto B. Além da interação com as pessoas, as pontes para pedestres apresentam uma vantagem ambiental, incentivando uma pegada mais ecológica para esse deslocamento.
Entre as pontes para pedestres fotografadas por Cranna está a BP Bridge em Chicago. Projetada por Frank Gehry, ela leva você a uma viagem sinuosa entre dois parques e ao longo de uma estrada. O caminho é deliberadamente curvado para proporcionar uma rampa mais longa e suave, acessível a todos, e com uma forma de borda que atua como uma barreira acústica em relação à estrada abaixo. Essa atenção aos sentidos humanos e a forma como percebemos esse espaço são qualidades arquitetônicas que só podem ser alcançadas numa infraestrutura nesta escala.
Cranna também fotografou a Gateshead Millennium Bridge, projetada por Wilkinson Eyre Architects, que responde à necessidade de um cruzamento para pedestres no Rio Tyne, em Newcastle, na Inglaterra. A ponte tornou-se uma atração icônica, atraindo multidões para assistir a estrutura dinâmica mover-se como um olho piscando para os barcos maiores passarem. Ao contrário da BP Bridge, seu design minimalista é leve e oferece vistas do rio como parte integrante da experiência para os usuários.
À medida que as pontes de pedestres emergem em todo o mundo, a maneira como eles respondem aos sentidos humanos levou a formas mais lúdicas. Além daquelas fotografados por Cranna, podemos ver formas abstratas aparecerem na Ponte Nó da Sorte da NEXT Architects, que cria pontos para apreciar as visuais da paisagem, e na Ponte High Trestle Trail, de RDG Planning & Design, cujo túnel de luzes azuis transforma o espaço à noite.
Embora ainda exista uma demanda óbvia de infraestrutura maior para lidar com veículos, é importante que continuemos com essa paixão pela evolução das pontes para pedestres. Agora vemos pontes não só como uma forma de atravessar estradas ou rios, mas como uma peça escultural de tecnologia que as pessoas querem visitar e vivenciar. A ênfase em pontes que podem melhorar o transporte de pedestres trazem benefícios tanto para o meio ambiente quanto para a indústria do turismo, por isso é importante que continuemos a criar essas experiências espaciais e sensuais - e agradecer que tais estruturas sejam catalogadas e celebradas por fotógrafos como Cranna.